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domingo, 7 de novembro de 2010

O incrível ninja


Quando pequeno, sempre fui fã de heróis japoneses. Jiraya, Jiban, Kamen Rider, Jaspion. Esse mundo de robôs, ninjas e besouros que combatiam o crime com espadas, motos e um pouco de óleo em suas juntas era fascinante.
Como era uma febre aqui no Brasil, as marcas de brinquedos lançavam os bonecos e fantasias. Não deveria revelar isso, mas, por muitos anos, entre meus primos menores, minha identidade secreta era Jiraya. Eu também era o monstro, já que não tinha mais ninguém disposto a fazer esse papel. 


Eu devia ter uns 6 anos e estudava num colégio pequeno chamado São Francisco de Assis. Era pequeno, devia ter, no máximo, umas 6 salas. Eu tinha um boneco de Jiban, o policial robô, e de Kamen Raider Black RX, um policial-besouro que tinha uma moto massa. 
Estava de bobeira com meus dois bonecos, na hora do recreio, quando um garoto gordo aparece. Gordo não, se eu pesava cerca de 20 kg, ele pesava uns 45. Ele, que devia estar chateado por não ter encontrado nenhum gato pra enforcar naquela semana, chegou pra mim e falou:
- Esses bonecos são meus.


Ainda faltavam uns 15 anos pra eu entrar na faculdade de Direito e estar familiarizado com o direito de propriedade, mas, já naquela tenra idade, a lógica pôde me iluminar a falar:
- Não são, não.
Ainda faltavam 15 anos pra ele ser preso pela primeira vez, então o que a lógica de um serial killer lhe permitiu fazer foi pular em cima de mim. Literalmente. Ele começou a puxar meu cabelo, enquanto seu corpo regado a fandangos e hambúrguer sentava sobre o meu, indefeso. Como o ser humano é esse ser incrível (uma porra que é!), logo juntou aquela galera ao redor. Meu único e último movimento foi esticar meu braço e topar o tênis de uma coleguinha, falando:
- Cha.. chame a... professora
A vadia, digo, a menina, nem se mexeu. Será que só tinha psicopatas naquele colégio, São Francisco? Felizmente, apesar da minha mente em agonia achar que o mau imperaria sobre o bem, a professora chegou e me salvou. É claro que minha mãe foi lá quebrar tudo depois da aula. Até tinha saído sangue de leve. Anos depois, prometi a mim mesmo que iria proteger os fracos e oprimidos me vestindo de jiraya no carnaval.

Um comentário:

Gustavo disse...

Aguinho? Você era Jiraya? não fale mais comigo, você estragou com a minha infância. Que fim levou a fantasia?