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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Que trapalhona

Eu não sei o que fazíamos ali, mas lá pra 2000 ou 2001, eu estava com meus pais e meu irmão numa cidade do interior aqui do Estado. Quando você é menor de idade e sua opinião vale tanto quanto um comentário de Galvão Bueno, você costuma se ver obrigado, por exemplo, a passar 5 dias numa fazenda ouvindo a mesma fita de Blink 182 no walkman. E se você adora os pelos nas pernas, o cheiro e o conforto que andar a cavalo te proporcionam, que sorte! 
Felizmente, essa história foi depois de ter pagado meus pecados. Tínhamos parado nesse restaurante na beira de uma estrada. Tinha pelo menos umas 50 mesas ali, mas todas estavam vazias. Exceto pela nossa e por outra, onde havia uma pessoa bem conhecida. 

Dedê Santana

Ele tava lá com seu filho e mais um pessoal, promovendo um encontro da Igreja Batista. Enquanto comíamos, um carro de som ficava circulando, dizendo: "Aqui é Dedê Santana e eu convido você para o IV Encontro da Igreja Batista!".
O restaurante pertencia a uma vereadora do Município. Foi só falarem pra ela que Dedê estava ali, que ela apareceu na hora. Toda alvoroçada, só que ligeiramente sem noção. Primeiro, ela chegou no filho de Dedê, uns 25 ou 30 anos mais novo e falou:
- Oi, Dedê, prazer!
Alguém da mesa:
- Esse não é Dedê, esse é o filho dele. Esse é Dedê.
Que vergonha alheia.
Pensei: "coitado do cara..."
Veio, então, o golpe final da parlamentar:
- Cadê Mussum e Zacarias? Mande um abraço neles!
Dedê, visivelmente sem graça:
- É... vai ser difícil.
Tudo bem Tiririca ser analfabeto e palhaço, mas aposto que ele sabia essa. 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Post de aniversário


Eu já me vesti de Fred Flintstone num aniversário, já tive outro das Tartarugas Ninjas, mas nenhum foi igual ao dos 100 pintinhos. Antes que você considere essa a frase mais gay que já ouviu (junto com "estou completando primaveras hoje"), foram literalmente 100 pequenos galináceos. Quando apagaram as luzes para os parabéns, foi um piu, piu, piu que teria deixado Gugu doido. 

A proposta daquele aniversário era dar um pintinho de presente para os convidados. Genial. O problema é que sobraram uns 10 ou 15 pintinhos, que tivemos que criar no apartamento em que morávamos. Hoje, eu poderia ser dono de uma grande rede de frango assado, mas a história foi outra. Eu não vi nenhum deles crescer. Aliás, anos depois eu também ganhei pintinhos, mas nunca os vi crescer. Morriam fácil os coitados. Por isso, acabo de constatar que uma das coisas pra fazer ainda nessa vida é criar um pintinho até ele crescer e virar uma galinha. Não vou comê-lo porque não curto muito frango. Vamos envelhecer juntos.


No entanto, ando suspeitando que eu seja parente muito próximo de Benjamin Button. Muita gente pensa que tenho 18, 19 anos. Muita gente mesmo. Quando fui para os Estados Unidos, ano passado, com 22, eu comprava cerveja para os meus amiguinhos com menos de 21. Eu  saía do supermercado com uma caixa de 12 latas e as pessoas olhavam pra mim como se eu tivesse assaltado um banco e saído na moral. Era legal. 
O cúmulo, mesmo, foi domingo, quando fui num resort na Bahia. Como meus pais e eu íamos só passar o dia com minha irmã, meu cunhado e minha sobrinha, tínhamos que pôr uma pulseira. A mulher achou que eu tivesse menos de 18. Essa mulé tá é doida, meu rei. Falando sério, eu juro que vejo esses olhos sábios e cansados, no espelho, mas não entendo.


Da 6ª série até o meu 1º ano, só fiz festa em pizzarias. Era como se elas fossem os "pintinhos" da minha adolescência (esse texto ficar mais gay a cada parágrafo). Só porque comemorei por 4 anos seguidos, até hoje me perguntam em qual pizzaria vai ser a festa. Hilário. 
Este ano, meus pais, meu irmão e eu jantamos pra comemorar os aniversários. No do meu pai, o prato que pedi era gigante e só consegui comer a metade. Não queria desperdiçar, aí falei pra minha mãe que queria "levar pra casa". Fui motivo de chacota. Minha mãe contou pra meu pai e os dois começaram a rir. Que ricos e finos. 
Foi um dia de aniversário bom, mas eu quero que o próximo seja louco. Que envolva bolas de fogo, ninjas, cobras, perseguições policiais. Porque, parando aqui pra pensar, acho que o aniversário mais "louco" que já tive foi um que envolveu 100 aves amarelas numa caixa gigante.

sábado, 16 de outubro de 2010

Uma cãimbra estratégica


Quem nunca ficou "de vela" nessa vida, que atire a primeira pedra da caverna em que mora. Era 2003, no carnaval, eu tava na casa da ex-namorada de um primo. Com ele, é óbvio, do contrário teria sido meio estranho. E ex-namorada atualmente, pois se já fosse àquela época, teria sido mais estranho ainda. Não me leve a mal, sou uma vela muito boa, mas uma hora não há chama que não apague. Nossa, o que foi isso...
Nós já tínhamos jogado war e eu não tava deslocado, a família dela era legal. O problema é que, lá pela meia-noite, meu primo foi com a namorada lá pra fora. Pra "namorar", como dizem no interior. Ou como pais ingênuos também devem falar.
Enquanto eles estavam lá, eu estava na sala, com a família inteira, assistindo ao desfile da Mangueira. Só que me deram logo o puff, que é o sonífero por excelência de qualquer sala. Era perto de 1h da manhã, no auge do refrão "MANGUEIRA, VERMELHA! MANGUEIRA, VERMELHA!", quando o sono começou a bater. Pensei: "sou eu contra o puff, vou perder essa luta..."
Sabe quando você força o músculo abaixo do joelho e consegue provocar uma cãimba? Eu sei, sou genial e pensei em fazer isso. Disfarçadamente, dobrei a perna e consegui. Mas, o pensamento foi:
- EEEEEEEEEEEEEEITA DOR DA PORRA!
Quando estiquei a perna, deu cãimbra de novo. Essa não tinha sido planejada, mas aguentei. O pior foi que o sono não passou e eu não me lembro até hoje se cochilei lá. Já pensou que vergonha teria sido dormir na frente da família dela toda? 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

É o vírus

Se tem uma coisa que eu não entendo, são vírus de computador. Vírus são como pochetes: quando você jura que não existem mais, alguém aparece com uma ridícula. Mesmo assim, queria muito conhecer quem produz essas coisas. O cara deve acordar um dia e pensar: "hoje, vou fazer um vírus muito legal, vou ter amigos e não vou ter que jogar mais que jogar dama sozinho". 

curto pochetes 

O único vírus que peguei foi pelo orkut (não faço de ideia de como), que fez eu deixar umas 100 mensagens com um código. Estranhamente, elas só foram pra meu irmão, então temos que aplaudir. Deve ter sido o primeiro vírus baseado em DNA da história. Fiquei no lucro.
Há alguns princípios que você pode seguir pra não ser enganado. O primeiro, e que em 99% das vezes elimina a necessidade de passar para os outros princípios, é o do português correto. Claro que não to exigindo que o cara mande uma mesóclise, mas é fácil perceber erros de concordância e, principalmente, vírgulas. Se você acredita nesse, por exemplo:


... você tem dois problemas: o primeiro é que você gasta dinheiro com merda e o segundo é que você é um idiota. Outro dia recebi um e-mail com o título "Flagras... tranzando na garangen do predio". Çem pallavraz.
O segundo princípio é o do bom senso. Vale para aqueles vírus curtos, que não têm nem tempo pra escorregar na bela língua portuguesa. Se você não for mórbido, sociopata ou simplesmente tosco, pode ficar tranquilo. Mas, se você se imagina cortando o pescoço deste que lhe escreve ou clicaria nisso:


... saia daqui.
Também não entendo como tem gente que manda recados em massa pelo orkut e fala que "não é vírus!!!!". Eu acho que ninguém vai pensar que um convite pra "IV Caminhada dos Amigos da Igreja Batista, sábado, ao meio-dia", por mais sedutor que seja, é vírus. Aliás, se eu fosse fazer um vírus, falaria justamente que não é vírus. 
Algo que todo mundo já viu e que nem sei como classificar são esses recados, também em massa, dizendo que, se você não mandar isso pra 89 pessoas, o orkut vai ser pago ou vai acabar. Primeiro, quem manda correntes merece tropeçar em banheiro de posto de gasolina de estrada e cair com a cara no chão. Segundo, orkut pago? O google já tem estragado aquilo sozinho, não precisa da "ajuda" de ninguém.
Parece até um assunto da era moderna falar na ingenuidade em relação a vírus, mas acho que isso tá presente desde os tempos de Cristo mesmo. Aposto que as mesmas pessoas que clicam em fotos de casais "tranzando", há uns dois mil anos comprariam espinhos da coroa de Jesus ou ossos do burro de José, junto com outras dez mil...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Atrás do trio elétrico...

...só não vai quem ganhou abadá de Carlinhos Brown. Abadá: palavra de origem africana que significa camiseta, geralmente colorida, utilizada para shows, festas e manifestações carnavalescas, mas que algumas pessoas pensam que é roupa e vão com ela ao shopping.




Em 2009, fui com meu irmão pro carnaval de Salvador, já que o site em que minha irmã trabalha faz a cobertura todo ano e tem camarote lá. Os baianos provavelmente devem achar 7 dias de festa pouco, mas, para mim, 5 dias aguentando "vai buscar dalila" 20 vezes por noite foi o suficiente. Um guerreiro.
Por mais que ficar bebendo, comendo frituras e vendo celebridades do mais alto nível, tipo o ex-bbb Fernando, seja muito legal, sair num bloco não seria nada mau. Lá para o segundo dia, conseguimos, de presente, pulseiras pro bloco de Carlinhos Brown. De graça, incrível!
Eu nunca fui nenhum especialista em micaretas ou coisa do tipo, mas logo falei pra meu irmão:
- CARLINHOS BROWN? VOCÊ TÁ LOUCO? NÃO VAI DAR NINGUÉM!
- Que nada, é Salvador, po.
- NÃO TEM NEM ABADÁ!
- É Salvador, po (argumenta muito esse garoto).
Carlinhos Brown tava usando terno e um cocar. A gente tava na frente, embaixo de uma baleia gigante, feita de garrafa pet e que cuspia papel picado. Tinha mais gente na minha família. Tava tão vazio que dava pra eu abrir os braços, dar um mortal e não atingir uma pessoa. Sem brincadeira. Parecia uma procissão.


não como esta.


como esta.


Padre, pequei, desculpe, uma procissão teria sido muito melhor. Acho que duramos uma hora, até que resolvemos procurar algo melhor. Ir embora, por exemplo. No dia seguinte, acabamos ganhando um abadá (finalmente!) pra um tal de André Lelis. Ele é a versão Cláudia Leitte de Durval Lelis. Ou seja, a mesma voz. Vi agora no google que são irmãos, então faz sentido. 
Então, nesse bloco, o índice de presença era bem maior, mas não pude deixar de notar que tinha muita gente feia. Não que eu esteja com mimimi, mas o negócio não tava bom mesmo. Pensei: "Asa de Águia, em SALVADOR, e gente assim? Estranho". Mais ou menos uma hora depois, o tal do André Lelis fala:
- E atrás de mim, Durval com o Asa de Águiaaaaa!
Eu:
- Então quem é esse cara?
Acabamos não indo até o final, já que não tínhamos muita motivação, né. Conseguimos abadás pra Cláudia Leitte, mas o esperto do meu irmão não acordou e perdemos. O saldo final, quando voltamos pra casa, é que foi melhor ainda: os dois foram pro hospital, ele com uma infecção alimentar e eu desmaiei e bati a cabeça na parede. Com Carlinhos Brown não se brinca.