Páginas

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Isso nunca vai acontecer comigo

Eu não conseguia entender como muitas pessoas confundiam mulheres gordinhas com grávidas. Até o dia em que fui levar meus óculos pra mudar as lentes. A funcionária da ótica não tinha os braços gordos, só a barriga é que era proeminente. Cheguei, disse o que vinha fazer ela:
- Ah, por favor, sente-se, Tiago.
- Não precisa, prefiro deixar que pessoas que necessitam mais do que eu se sentem, como grávidas, por exemplo - e apontei, sutilmente, pra ela.


Acho que, por estar estranhamente acostumada, ela não teve nenhuma reação. Disse que iria só tirar as medidas e que, como poderia demorar um pouco, eu deveria sentar mesmo. Depois que me sentei, ela falou:
- Eu mesmo não perco uma oportunidade de me sentar. Nos ônibus o pessoal pensa que estou grávida e vivem me dando o lugar.
- ... - glup.
Tá, isso é possível. Mas, como é possível essas mulheres que só percebem que estão grávidas quando o filho sai? Nisso eu não acredito.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A evolução das piadas em sala de aula


Não era só de corredorzinho e de campeonatos ligeiramente fracassados de futebol que minha turma vivia. Dentro da sala de aula, lugar em que teoricamente deveríamos ser mais civilizados, aquelas perguntas capciosas sempre existiram. Traçando um breve desenho histórico, a evolução das piadas foi mais ou menos assim:

1ª série: 
- Vou dizer a tia, que seu pai cagou na pia.

2ª série:
- Sabe quem perguntou por você?
- Quem?
- Ninguém

3ª série:
- Você pinta com meu pinto?

4ª série:
- Tem dado em casa?

5ª série:
- Se eu te der 8 tele-senas, você vende quatro?

6ª série:
- O que você faria se seu filho nascesse heterossexual?
- Ah, eu MATAVA ELE!

7ª série. Essa se aproveitava do bom caráter e do peso na consciência da vítima. Dois combinavam previamente que um deles chegaria para o colega-vítima e o mandaria perguntar ao seu comparsa "sobre o tio dele". Quando ele perguntava, a resposta era algo do tipo:
- Meu tio é tetraplégico.
- ...
Era pior do que pegadinha de Sérgio Mallandro, a pessoa queria morrer.

Já na 6ª série, o que durou até a 8ª e as séries seguintes, descobrir o nome da mãe do colega equivalia a fazer gol em final de Copa do Mundo. Quando ninguém conseguia, a criatividade ajudava, como um que tinha o apelido de "Cheetos" e, portanto, sua mãe era Dona Elma (Chips). Acabaram descobrindo o nome da minha, já que um amigo morava no meu prédio. Tava mais pra inimigo infiltrado.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Como identificar ritmos musicais

Música ruim, tudo bem. Música ruim e alta numa casa vizinha, nada bom. Agora, música ruim e alta, cantada EM KARAOKÊ, é covardia. É com esses períodos de efeito que eu começo uma pequena lição para você que é estrangeiro e que não sabe identificar aos certos os ritmos musicais. Ou, para você que é jovem demais, porém já muito inteligente, pois está lendo este blog. Você pode identificar qual o ritmo musical com base na sensação que lhe for provocada:

1) Se te der vontade de pular e se você facilmente conseguir encaixar gritos de "vai, vai, vai" ou se o(a) cantor(a) mandar o clássico "tira o pé do chão", é AXÉ;

2) Se você se sentir ofendida enquanto mulher, esse ser lindo e maravilhoso que é, ao mesmo tempo em que ouve frases do tipo "vai, sua safada, vai, vagabunda" e presencia supostos homens que requebram mais (e não "melhor", fique claro) que você, é PAGODE;

3) Se você se sentir ofendida enquanto mulher, esse ser lindo e maravilhoso que é, ao mesmo tempo em que leva tapinhas na bunda, é FUNK. Não importa que lhe digam que "um tapinha não dói", ninguém sai de casa disposto a levar tapas na bunda de um estranho. E nem venha me dizer que pessoas já engravidaram em baile funk, isso é lenda;

4) Se te der vontade de dar outro tipo de "tapa", é REGGAE. Ou, se te der vontade de lavar carros por 10 reais, também, já que é o ritmo oficial dos lavadores;

5) Se te bater um desespero, dando vontade de ligar pra sua esposa preocupado com uma suposta traição, mesmo que você nem seja casado, é BREGA;

6) Se te der vontade de tomar um chopp enquanto conversa com os amigos ou a família, é SAMBA;

7) Se te causar uma estranha necessidade de ligar para um Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) só pra ouvir a música de espera, é MÚSICA CLÁSSICA;

8) Se bater aquela vontade de convidar uma amiga com saia pra dançar uma dança proibida, é LAMBADA e nós nem deveríamos estar falando nisso, uma vez que essa é a "Dança proibida";

9) Se te der vontade de deixar o cabelo crescer, não tomar banho e ser muito mala jogando futebol, é TANGO;

10) Caso você queira fazer malabarismos com pirulito na boca por 15 horas seguidas, é MÚSICA ELETRÔNICA;

11) Caso você tenha vontade de entrar pra uma gangue ou se já fizer parte de uma e estiver esperando sair sua condicional, é HIP HOP;

12) Se te der vontade de simplesmente espancar quem está tocando, duas notícias: a ruim é que é EMO/HAPPY ROCK. A boa é que você não é gay;

13) Caso te dê vontade de curtir as coisas boas da vida, é ROCK;

14) Se você tiver vontade de recitar poemas em vez de cantar enquanto sua cara tá pintada de palhaço e malabaristas ficam descendo de cordas, eu realmente não sei que porra é isso.

Dedico esse post a Mateus Edward, o vampiro-zagueiro-três-pernas e futuro companheiro de vela e de BMW.

domingo, 16 de janeiro de 2011

As 10 piores sensações

Como diria o poeta, nessa vida nem tudo são balas 7 belo. Na verdade, fui eu que falei isso, então pode me chamar de poeteiro. A verdade é que virei noites quase no escuro, com uma fraca luz, enquanto rabiscava e teorizava sobre as piores sensações que posso experimentar nessa vida. A verdade, mesmo, falando sério agora, é que, enquanto eu comia 15 balas sem parar, eu anotei num papel e aqui estou concretizando esse post que, muito provavelmente, será objeto de vários Ctrl + P mundo afora. Tentei elaborar em ordem decrescente de desagradabilidade:

10- Tropeçar na rua
Você pode estar andando sozinho, às 2h da manhã, mas não tem como não dar aquele suor frio de vergonha, equiparável a derrubar 1 kg de manteiga no meio do asfalto ou ser ovacionado por centenas de pessoas no colégio.



9- Pensar, por um momento, que você perdeu a carteira, mas perceber que ela está num bolso diferente
Veja que gozado: já quebrei tantos copos que, se juntasse todos de uma vez e os quebrasse numa loja, digamos que seu dono não precisaria trabalhar nunca mais; já atropelei cimento fresco duas vezes; mas, nunca perdi carteira ou celular. Só que já tive esse breve suor frio várias vezes.


8- Beber água "errado" e ela entrar pelo nariz
Física não é meu forte, mas acho que isso tá meio estranho. Se você engole a água "pra baixo", como ela vai entrar no nariz, que tá acima? É pra se pensar. Se você for uma girafa, desconsidere.




7- Tomar um choque no chuveiro
Falo daquela amostra de choque quando você tem um corte no dedo e o encosta no registro. Se bem que um choque elétrico é 20 vezes pior. Sei disso porque era jovem, tolo e inconsequente, por isso tive a ideia de mudar do modo "inverno" pro "verão" enquanto o chuveiro ainda tava ligado. É muita inteligência.

6- Comer fígado pensando que é bife normal
Passei uns 10 anos dizendo que minha mãe me enganava ao me dar fígado dizendo que era bife e que isso não aconteceria nunca mais. Até que me serviram 2 supostos bifes, não faz nem 2 semanas. Tentei comer o primeiro pedaço e percebi que nem purê de batata fazia aquele "bife tão ruim", como pensei, descer goela abaixo. A cozinheira da casa de minha avó confessou seu engano depois. Maus bocados.

5- Morder papel de alumínio com dente obturado
Não sei o que leva alguém a fazer isso, mas eu sinto que devo recomendar isso a quem nunca o fez.





4- Estar sozinho numa rede até alguém pular e sua cabeça balançar de uma maneira desagradável
É, isso não pode ser pior do que comer fígado.

3- Dar uma topada com o dedo mindinho
É pior do que bater a testa na porta da sala de aula lotada. Voz da sabedoria.

2- Tomar uma bolada nas partes baixas
Se você for mulher, acho que equivale a se depilar 5 vezes. É, mesma coisa.





Aqui, houve um empate:
1- Mosquito/moriçoca voando no ouvido
O que eu xingo quando isso acontece não é brincadeira. Geralmente, vem um outro mosquito vingativo depois, provavelmente mãe do primeiro. História verídica.

1- Comer cebola sem querer
Prefiro um pedaço inteiro de fígado.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Como fazer um BBB interessante



Oba, hoje começa aquele programa extremamente instrutivo, muito original e que ninguém fica enchendo o saco comentando no twitter ou participando de comunidades toscas no orkut. Mal posso conter minha empolgação. 
Se eles "topam tudo" pelo prêmio de 1 milhão ou sei lá quanto, por que não fazer jus a essa expressão? Tenho vergonha em chamar isso de teoria, porque pressupõe que eu dediquei um certo tempo da minha vida pensando sobre isso, ao invés de fazer coisas mais importantes, como varrer a garagem de casa. 


Prova da comida
Ficar jogando bolinhas num cesto ou pescando peixes de papel com uma vara de ímã é muito fácil. Se quem tá ali "topa tudo por 1 milhão", bem que poderiam jogar um leão. No final, era só contar quem permaneceu com mais membros do corpo que ganhava. Na outra semana, algo mais bondoso: um javali e uma lança, come quem ajudar a derrubá-lo.


Eliminação-relâmpago
O primeiro que falasse "as máscaras vão cair" ou "o Brasil está vendo como eu sou", iria embora.


Eliminação-relâmpago coletiva
O primeiro grupo que brindasse, com champanhe, gritando "aha, uhu, o Big Brother é nosso", iria pra casa. Ótima maneira de encurtar o número de participantes em pelo menos a metade.


Prova de fogo 
Cada vez que Pedro Bial chamasse a casa de "nave BBB" ou os participantes de "meus guerreiros", ele tomaria uma chicotada. Ou então, uma chicotada pra cada tentativa de manifestação artística, principalmente nas eliminações. Como poesias/lusíadas na hora das eliminações. Eu sei porque, graças aos seus grandes textos de 5 páginas, dá tempo de você passar por todos os canais e testemunhar aqueles momentos de vergonha alheia.


Prova do carro
Ficar em pé sem poder se sentar ou amontoado num carro por horas é moleza. Quero ver ir na Rocinha, dar um tapinha de leve na cara de algum traficante e voltar correndo. Isso, sim, é merecedor de um carro zero.


É isso, e esses foram 30 minutos da minha vida que não voltam mais.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Não atenda a porta

Quando você tem um blog, parece que algumas coisas caem no seu colo. No entanto, às vezes você parece não saber aproveitar. Há uns 2 dias, tocaram a campainha lá de casa e fui atender. Como a experiência no meu bairro não foi das mais positivas, você fica com um pé atrás. Há pouco mais de 2 anos, dei 20 reais pra um menino que se disse filho do vigia e que iria precisar operar a perna. Parei pra pensar depois e achei meio difícil aquele vigia ter um filho daquela idade. Acontece que o garoto me mostrou a perna perebenta, então fui convencido. Mais recentemente, uma mulher veio pedindo um remédio pra bronquite, pra criança. Como a gente não tinha, meu pai deu 20 reais pra ela. Não sem uma certa resistência por parte da mulher, que disse que no dia seguinte traria o dinheiro. Quem disse que ela foi?


Meses depois, uma mulher parecida veio com a mesma história. Mas eu, 20 reais mais pobre, porém mais sábio, falei:
- Nem me venha com essa, uma mulher pediu esse mesmo remédio, demos 20 reais e ela nunca mais voltou.
- Mas eu não to pedindo dinheiro, não, moço...
- É, mas se eu te der, você não vai recusar, né?
- Não, moço - e foi saindo.
Meu problema não é ajudar, meu problema é com pessoas que gostam de:
"Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento"
Por essas razões, fiquei meio assim nessa última investida. A mulher de alguns dias:
- Olá, posso tomar um pouco do seu tempo? Qual é seu nome?
- Tudo bem. Tiago.
- Meu nome é Fulana, essa é Fulana 2, você tem bíblia em casa, Tiago?
- Er... acho que sim (tenho google).
- Você sabe qual é o nome do Criador, Tiago?
- Deus...?
- Deixe eu ler esse pequeno trecho da bíblia, pra você ler na sua e refletir.
- Tá.
- "...Jeová...". Viu, Tiago, o nome Dele é Jeová, não Senhor ou Deus, que são somente títulos.
- Ahh...
Pensei: "putz, é testemunha de Jeová, eu posso fazer umas perguntas". Na verdade, eu comecei a lembrar disso na hora.
- Eu vou deixar um tratado pra você ler. Pode escolher um - e abriu um caderninho com uns folhetos pequenos nas páginas de plástico.
Pensei: pronto, lá se vão mais 20 reais...
- Você... vai me dar?
- Sim, escolha um.
Escolhi e peguei. Ela agradeceu e foi embora. Não perdi 20 reais, mas perdi a grande oportunidade de perguntar que maluquice é essa de ser contra transfusão de sangue. Atender a campainha lá em casa é igual a sair perdendo.