Páginas

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A arte de pechinchar

Vamos supor que pechinchar seja uma arte. Estabelecido isso, eu seria a Vanuza da pechincha. Ou então o Léo Santana. Consegui o recorde de economizar um real em um dia de compras na 25 de março. Sim, UM REAL. No paraíso das muambas e falsificações, onde coreanos compram mercadorias por 3 reais e as revendem por 20, consegui essa proeza. Fui comprar uma camisa e pensei: "é hora de mostrar o que eu sei". O mesmo que nada.
- Quanto é a camisa?
O coreano:
- 18 leais.
- Faz por 15?
- Non.
- Faz por 16?
- Non.
- Faz por 17?
- Faço.
- Obrigado.
Na verdade, eu fico com medo de que eles vão perder a margem de lucro. Ou que vou causar a perda de parte do sustento dos filhos deles. Ou que vou falar um preço tão absurdo que vão puxar um facão e ceifar minha vida ali mesmo. Tem gente que morre por menos. 
Meu irmão domina essa arte. Ele entra na lojinha do coleano e pergunta quanto é. O coleano, lendo um jornal, diz que é 25. Ele fala que paga 15. O coleano se faz de ofendido, ainda olhando pro jornal. Meu irmão então diz que só paga 20, aí tira a nota e balança na frente do carinha. O coleano vende por 18. É quase como uma dança.
Não seria provável que minhas técnicas não funcionassem em terras longíquas. Por isso, viajei dezenas de milhares de quilômetros até China Town, em Nova Iorque, na Terra do Tio Sam. Comprei umas 30 camisas típicas de "I LOVE NY". Cheguei na coleana e perguntei se não dava pra baixar o preço. Ela
- Non, non, assim vou me plejudicar, né? Vê só:
Digitou lá uns números na calculadora e falou que aquele seria o lucro dela em cada camisa. Olhei e vi uma dízima periódica. Sacanagem, contra dízimas periódicas não há argumentos.

Nenhum comentário: