Anos ganhando pontos com os pais te permitem fazer algumas besteiras e não ser acorrentado ao pé da cama. Era 2005, eu ainda tinha a carteira provisória de motorista, mas reinava absoluto sem ter que dividir o carro com meu irmão. Já não dividimos mais faz tempo, principalmente graças a um celular que ele tinha, que evoluiu para um Fusca e para um outro carro bem melhor posteriormente. Eu, por exemplo, só precisei desmaiar pra ganhar um carro zero. História verídica.
O fato é que eu tinha 18 ou 19 anos e estava no auge da estupidez que só essa idade pode proporcionar. Ainda continuo estúpido. Fui com uma amiga para uma festa na casa de uns amigos. Antes, passamos no supermercado e compramos vodca, pingo d'ouro, refrigerante e um twix (glicose para depois, o tolo aqui pensou). Eu comecei a beber nessa época, portanto bastava muito pouco pra me deixar pronto pra ficar nu. Na verdade, até hoje basta pouco, já que não bebo muito, mas não sou de revelar meus segredos.
Chegamos à festa, coisa de 15 pessoas, no máximo. Bebi alguns copos de guaraná com vodca. Pensei que o nome hi-fi servisse pra qualquer vodca que tivesse refrigerante, mas acabei de constatar que não. Que descoberta. Comi o pingo d'ouro antes, pra tapear a fome. Provavelmente eu só adquiri uma pedra no rim de tanto sal que tem nesse negócio, mas acho que valeu.
Começamos a jogar um jogo simples, porém mortal: todos faziam um círculo e você "assumia" o nome de quem tava à sua direita, e assim seguia. Se Fernanda estava à sua direita, você passaria a se chamar Fernanda e teria que falar "quem não bebe é Fernanda, quem bebe é fulano". Acho que só tinha duas maneiras de errar: falando seu próprio nome ou dizendo "quem bebe é Fernanda". Eu, na prática, percebi que havia uma terceira e surreal maneira de você errar.
tá bêbado(a)?
Eu já tinha bebido 2 ou 3 copos de vodca com guaraná e tinha virado algumas tampinhas de vodca (altamente selvagem o jogo), portanto meu raciocínio tinha começado a ficar comprometido. Quem estava à minha direita era Pardal, que eu acho que tem esse nome por ser quase da altura dos pardais de trânsito. Eu só tinha que falar "quem não bebe é Pardal, quem bebe é fulano". No entanto, minha consciência disse: "fale 'quem não bebe é Pardal, quem bebe é o primeiro nome que vier à cabeça, MENOS Pardal' ". Eu cumpri as ordens e falei:
- Quem não bebe é Pardal, quem bebe é Roberto.
Todo mundo parou.
- Hã?
- Hã?
- Roberto?!
- Hã?
- Roberto?!
Não havia nenhum Roberto e nenhum Roberto havia passado por ali. Na verdade, o único Roberto que eu conheço nunca foi chamado por esse nome, então podemos concluir que eu vacilei. Coloquei as mãos na cabeça quase que instantaneamente.
- Merrrrrda!
E mais uma tampinha de vodca na conta. Fui deitar pra tirar um cochilo. Numa festa. Às 3h da manhã. Minha amiga acordou e aí eu peguei o meu twix, como se fosse o espinafre do Popeye, iria me deixar como novo. No primeiro pedaço eu tava: "muito doce, não dá, quem foi que comprou isso?".
Minha amiga pediu a chave do carro e eu nem hesitei em dar. Ainda perguntei:
Minha amiga pediu a chave do carro e eu nem hesitei em dar. Ainda perguntei:
- Eu vou com você?
- Vai, sim.
Isso no meu carro. E até hoje há um pequeno grupo de pessoas que só me conhecem como Roberto. Foi uma boa festa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário