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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Gente estranha

Esse post poderia muito bem dar um blog inteiro, especialmente se você parece ter uma cara de "ei, estranho, fale comigo na rua". Só que não percorrerei essa linha de raciocínio porque, na verdade, há muito mais gente estranha em salas de aula do que nas ruas. Não, isso tá errado. Há gente estranha em todo lugar. Nas redes sociais, nos shoppings e até digitando neste exato momento. Prefiro pensar que há dois tipos de gente estranha: aqueles que atropelam cimento duas vezes e aqueles que eu nem sei como começar a descrever.
Falei rede social porque teve uma menina que me adicionou uma vez no orkut e no msn, mas faz muito tempo. Tanto tempo que ela fez outro orkut ou sei lá e me adicionou de novo. No orkut e no msn. Minha memória não é tão mal, então eu tava ligado. Eu só me irritei foi com esse pequeno diálogo depois que ela me adicionou novamente no msn:
- Oi, tudo bem? - falei.
- Tudo.
TUDO!! Sem "e você?". Fui adicionar pra ser educado, mas depois dessa eu bloqueei e excluí. Sou assim mau, porém educado.
Na faculdade, é perfeitamente normal você pegar uma matéria só com uma pessoa e nunca  mais vê-la na vida. Eu estava no último período e tinha aula de Direito do Consumidor uma vez por semana. Tinha esse cara com o cabelo despenteado, com umas entradas na cabeça e que usava óculos. Ele também tinha um olhar perdido (eufemismo pra louco fumando pilha) e não cheirava nada, mas nada bem. Um amigo falou que ele era podre e eu não acreditei. Até que eu passei do lado dele e quase caí que acreditei. Ainda posso sentir seu odor à noite, mais de 1 ano depois.
Como desde os tempos do colégio, eu só sentava no fundo. Estava lá lendo uma matéria que não tinha a ver com a daquele momento e o excêntrico colega estava duas cadeiras ao lado. Deu pra ver, de relance, que ele tava olhando pra capa do meu livro. Pensei: "ah, deve estar querendo saber qual é". Só que ele passou 2 minutos encarando. Pensei: "ah, deve estar decorando o autor". Quando não consegui ler uma linha devido àquela psicopata intervenção, concluí: "esse cara é retardado".
Você pode estar pensando que sou da Polícia do Não Olhe pro Meu Livro Mimimi, mas um outro acontecimento, somado ao seu odor de quem passou 20 dias dormindo e acordou num mundo apocalíptico, me permitiu chegar a tal conclusão. Ele repetia a mesma palavra 3 vezes. Era mais ou menos assim: o professor estava falando sobre determinado assunto:
- Essa conduta é ilegal porque o consumidor é...
- Hipossuficiente. Hipossuficiente. Hipossuficiente.


- ... - professor pensando "quem é esse engraçadinho?". Se ele tivesse cheirado o garoto, a conclusão teria sido a mesma que a minha.
Aparentemente, ele também sabia inglês. O professor:
- Eu não sei bem, acho que "verbo 'to be', né?"
- Verbo to be. Verbo to be. Verbo to be.
O professor parou, como quem não sabe mais como continuar na vida. E o estranho é que umas 10 pessoas olhavam pra trás, riam e o cara ficava sério. Mas não um sério do tipo irônico, era um sério como quem acha normal repetir a mesma palavra 3 vezes. Foi o último fato irrefutável.
Antes, bem no começo da faculdade, eu tinha conhecido alguém que podia ser o primo dele. Não me lembro do nome, mas só sei que ele falava com o ar-condicionado. Literalmente. Como o ar ficava no fundo da sala e ele também sentava no fundo, uma vez eu o vi olhando pra cima e cochichando. Pensei que ele pudesse ser um espião, mas tive minha prova numa outra aula. 
- fhhfdsjf - ele falou.
- Hã?
- Não, eu tava falando sozinho.
- Ah - um "ah" carregado de "que cara maluco".
Minha teoria é a de que, como a aula tinha sido num auditório e o ar-condicionado tava longe, ele tinha falado algo do tipo "sinto sua falta". 
Quando eu estagiava, fui fazer um lanche com uns amigos do estágio numa lanchonete do Centro. Paguei, mas ficaram faltando 25 centavos. Pessoas normais, como eu fiz, dizem:
- Po, na próxima eu pago, pode ser?
Mas não foi isso que se passou. Quem estava no caixa era um cara que tinha jeito de quem era o dono da empresa, que falou:
- Me dê seu telefone.
E o pior foi que eu dei. Ele não me ligou até hoje, provavelmente porque percebeu que só o custo da ligação seria maior que a própria dívida. Retardado. Se bem que eu dei meu celular...

5 comentários:

Márcia Vanessa disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkk ri d+.. mt bom isso aqui!! kkkkk sei perfeitamente de quem vc tá falando, tadinho! Vou ficar te visitando aqui, gostei mt de seu blog!!! \o/

Márcia Vanessa disse...

se bem que por outro lado, fiquei com medo :S vai que tem por aqui vc falando que tinha uma branquelinha meio maluka na universidade.... viuxe.. vou dah uma lidinha por aqui, sem nem ao mesmo ter a certeza de que vc vai lembrar de quem eu sou..

Tihermano disse...

Claro que me lembro de você Vanessa. A não ser que você seja parente de algum excêntrico citado. Porque, se for, eu nem sei quem é você...

Bárbara disse...

eu ri

Vanessa Reillane disse...

Ufa! Acabei de ler todos, comecei ontem e:
1) chorei de rir;
2) não pare mais de postar aqui, você não só escreve bem, você é hilário;
3) não sei quem foi esse cara, mas o que não faltou foi gente esquisita no nosso caminho, a começar por mim e por um tal menino que não parava de ler livros aleatórios no fundo da sala, com temas dissonantes do assunto que o professor estava abordando no dado momento. Um dia eu fiz uma intervenção pra entender aquilo - minha sorte é que sempre tento aprender com as experiências alheias - e, meu amigo explicou, muito gentilmente, que no momento estava tendo mais produtividade na sua vida profissional (futura) lendo aquilo ali do que prestando atenção naquela aula. Virei fã daquele cara e pensei sozinha: ele sabe aonde quer chegar. Fiquei decidida a fazer a igual, mas eu tinha muitas amigas com várias histórias e casos amorosos pra debater, acabei não conseguindo fazer igual. kkkkk. Mas hoje eu sei o valor de tudo que deixei de fazer.