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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Gênio incompreendido

Eu era jovem e tolo e estava na sétima série. Época de descobertas, de experiências que definem um indivíduo e da busca de uma identidade (ui). Estava à procura da assinatura perfeita e fui inventar de fazê-lo justo no cabeçalho de uma prova. De redação. Aparentemente, há um motivo pelo qual, até hoje, eu continuo tentando. Chega o dia da entrega das provas, com aquela feira que é qualquer sala de aula que se preze, quando a querida professora fala:
- Hahahahaha, esse daqui errou o próprio nome!
Os compreensíveis colegas de sala:
- HAHAHAHAHAHA
- Que burro, dá zero pra ele!
- Sua mãe é minha!
Eu, inclusive:
- Hahahahaha, que animal.
Estava dando aquela cinematográfica olhada lateral, sem nem esperar, quando ouço:
- Tiago Benitez!
Só deu pra reagir assim:
(não, este não sou eu)

Peguei minha prova - não sem antes dar uma bronca na professora - e fui ali enterrar minha cabeça no chão. Que bela formadora de opinião.
Ainda na sétima série, dessa vez na aula de História, eu interpretei algo de uma maneira ligeiramente equivocada. Quando os livros retratavam determinado período e falavam "...na segunda metade do século XVII", eu jurava que essa "segunda metade" era a metade exata dessa metade. Explicando melhor: se a segunda metade do século XVII era de 1651 a 1700, eu pensava que seria exatamente 1675. De onde eu tirei isso é difícil dizer. Só sei que o professor estava no meio da aula, falando exatamente sobre "a segunda metade do século XVII", quando eu o interrompi:
- 1675!!!
O professor:

...e continuou dando a aula. O bastardo me ignorou completamente.
Coincidentemente - ou não -, meus erros de interpretação me acompanharam até o primeiro ano. Estava eu na aula de matemática, no auge do racionamento e provavelmente aprendendo sobre algo que iria mudar minha vida, tipo equações de segundo grau. Juro que eu só tava falando as horas pra um colega (sempre), quando o professor lança a filosófica questão:
- Tiago, vai depender de mim pra você sair da sala?
Falei:
- Vai (afinal, quem mandava ali era ele, né?)
- Então saia.
Quando saí, foi que percebi:
- Merda, errei a resposta.
Se ele tivesse me dado outra chance, ah, meu amigo, eu não perdoava.

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