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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Teorias de criança


Quando somos guris, costumamos criar as mais singelas teorias. Eu, por exemplo, jurava que, quando completasse 18 anos, automaticamente teria dinheiro. Não estou falando de uns trocados pra comprar um vídeo-game, não, mas de grana mesmo, suficiente pra comprar uma casa. Ainda bem que eu não parei pra pensar na maneira com que conseguiria esse dinheiro, isso poderia não ter dado muito certo. Eu era meio inconsequente também, porque pretendia comprar justo um casarão em que o filho do dono foi morto há muitos anos. Hoje, eu moro numa casa em que, segundo minha mãe, um dos antigos donos morreu. Parece que foi no quarto dela, então acho que é daí que puxei essas bravura e coragem. Aliás, eu nem precisaria morar na casa de Gasparzinho pra tomar a quantidade de sustos que minha genitora me dá, mas isso é assunto pra uma outra hora.
Uma das minhas primeiras sacadas (erradas) foi na escola, quando eu tinha uns 6 ou 7 anos. Eu podia jurar que "Presente" era meu último sobrenome. Que, quando a professora dizia meu nome quase todo, era pra eu complementar com "Presente". Nunca parava pra pensar que, então, eu estava estudando com uns 30 ou 40 parentes.

Mas, superada essa crise de identidade (foi mais um erro de julgamento), eu achava uma injustiça quando a professora pedia a tabuada.
Ela dizia:
- Amanhã, eu quero toda a tabuada "de cor e salteado".
Eu entendia:
- Amanhã, eu quero toda a tabuada "de cor e salTIAGO".
Eu olhava para os lados e pensava:
- Mas por que SÓ eu?
Puta mundo injusto, meu. Acho que é por isso que eu sei a tabuada toda até hoje, estudava direto, todo dia, no maior medo.
E dia de sexta-feira 13? Rapaz, o céu ficava preto e o diabo saía do chão, porque o que eu caía de bicicleta nesse dia não era brincadeira.
Bastava algum primo gritar:
- Tiagoooo, hoje é sexta-feira 13, vai passar "Jason" na TV!
*PAFT*, lá se vai um joelho arrastando o asfalto (daqueles com pedrinhas pontudas, especialmente preparadas por Lúcifer). Eu realmente temia aquele dia. Não sei se eu caía tanto que, numa dessas quedas, bati a cabeça e associei as coisas de modo errado. Há essa possibilidade também.
Eu também tinha uns planos de fácil teorização e de execução mais fácil ainda. Um deles era construir um pequeno avião. Pra mim, bastavam pregos, muita madeira e uma bicicleta (?). Era muito simples: eu faria um retângulo gigante de madeira e faria com que as asas fossem movidas pela bicicleta. Fazia tanto sentido que eu nem precisei desenhar. Acho que sei porque: eu era muito jovem e não tinha dinheiro pra comprar um paraquedas, de que adiantaria construir um avião?

2 comentários:

Felipe disse...

Sobre tais "proezas", dá pra contar a do 'homem-barata', né?
Sem contar o garoto-armadilha!

Jovas disse...

Quando bacuri acreditava que motos eram muito mais rápidas que carros. Sempre via alguma nos ultrapassando na ida ao colégio.

Ultrapassando porque estavamos congelados num diabo dum engarrafamento e os motoboys zigzaguevam entre os carros.

:)